sábado, 18 de janeiro de 2014

#Resenha: Perdão, Leonard Peacock

Título original: Forgive Me, Leonard Peacock
Publicado no Brasil: 2013
De quem? Mathew Quick
Editora: Intrísseca
Skoob: Adicionar

Sobre o que é?

Hoje é o aniversário de Leonard Peacock. Também é o dia que ele saiu de casa om uma arma na mochila. Porque é hoje que ele vai matar o ex-melhor amigo e depois se suicidar com a P-38 que foi do avô, a pistola do Reich. Mas ante ele quer encontrar e se despedir das quatro pessoas mais importantes de sua vida: Walt,o vizinho obcecado por filmes de Humphrey Bogart; Baback, que estuda na mesma escola que ele e é um virtuose do violino; Lauren, a garota cristão de quem ele gosta, e Herr Silverman, o professor que está agora ensinando à turma sobre o Holocausto. Encontro após encontro, conversando com cada uma dessas pessoas, o jovem ao poucos revela seus segredos, mas o relógio não para; até o fim do Leoard estará morto. 

E aí, gostou?

Absolutamente! O livro me emocionou, tocou, cativou. Pequenos detalhes me fizeram toda a diferença, como por exemplo as notas de rodapé que são formadas por pensamentos aleatórios do personagem Leonard sobre nada e ao mesmo tempo sobre tudo! As notas te levam cada vez mais próximas à ele. Outras coisas que gostei foram as citações aos filmes do Bogart. Não familiarizada com eles,mas foi algo que me fez sentir intima do personagem.
No decorrer da narração,você chega a entender aos poucos o que levou Leonard ao estado mental atual, a falta de amigos, a ausência dos pais, os abusos... Leonard é um personagem altamente palpável, real, e incrivelmente inteligente que mesmo na beira do abismo e decidido a tirar a própria vida, deseja desesperadamente ser salvo, compreendido.
Acho que a leitura se tornou um tanto quanto pessoal pois me levou a entender melhor algo que duas pessoas muito próximas à mim passaram, o quanto isso as afetou. O livro não chega a ser muito crú sobre o assunto, mas é bem claro e me deixou pensativa e um tanto quanto emocionada.
E pra finalizar (desculpem, não dá pra falar pouco sobre algo que me tocou tanto) os personagens secundários também são bem carismáticos, como o professor Herr - e suas  instigantes aulas sobre o nazismo - e o velho Walt. Não tem como não gostar deles.

Você vai gostar caso:
  • goste de personagens desajustados;
  • goste de livros juvenis contemporâneos (YA).
Similares:

Os Treze Porquês, do Jay Asher; It's Kind of a Funny Storie, do Ned Vizzini (sem tradução) e As Vantagens de Ser Invisível, do Stephen Chbosky.


Em uma carta:

POSSÍVEL SPOILER (ou não)

Carta do Futuro de Matthew Quick

Querido Matthew Quick de 17 anos,
Sou você (eu?) no futuro – aos 39 anos. É, 39! Só me permitiram escrever dois parágrafos então não posso explicar como esta carta do futuro é possível – droga, já gastei parte de um dos parágrafos com essa explicação. Você vai ficar bem. Vai deixar a infância para trás, virar um adulto, e no fim tudo vai dar certo. Você ainda fica deprimido às vezes e fica sozinho com alguma frequência. A maioria das pessoas não compreende essa sua necessidade de solidão e certas vezes seus sentimentos intensos provocam mal-entendidos, mas também criam arte. Você vai usar essas tempestades emocionais para escrever os livros que hoje publica. É, é isso mesmo. PUBLICA! No mundo inteiro. Você é um best-seller no New York Times e em listas internacionais. Hollywood adaptou seu primeiro romance em um filme vencedor do Oscar. É sério. Continue escrevendo! Continue se esforçando! E não escute as pessoas que dizem ser impossível ganhar a vida escrevendo ficção – que você vem do lado errado da cidade, da família errada, que não é inteligente o suficiente, que frequentou a escola errada. É tudo bobagem. Você vai brilhar.
Hoje, as pessoas o chamam de Q. Garotas de 14 anos lhe darão esse apelido. (Você foi técnico de futebol de garotas do Ensino Médio por cinco anos.) Você odiará ser chamado de Q no início, mas vai acabar levando numa boa. Você vai se tornar Q. Quando estiver ensinando literatura no colégio, você descobrirá quem realmente é, encontrará a sua voz. Vai virar uma nova pessoa. Q. E terá a melhor companheira no mundo para ajudá-lo nesse período de transição. O nome dela é Alicia. Você a chama de Al. Vocês vão se conhecer na faculdade. Ela é a melhor coisa que já lhe aconteceu. Vocês vivem em Massachusetts com uma fêmea de terrier escocês chamada Desi. Desi sobe na cama toda manhã e adormece em seu peito. Você adora Desi. Você escreve ficção o dia inteiro. Você ama escrever ficção, mesmo que seja muito difícil e nunca fique fácil. Você vai se esforçar muito para se tornar escritor, mas terá muita sorte de obter essa vida que aos 17 anos não acredita realmente ser possível – mas é possível, acredite em mim. Nós a estamos vivendo.
Você ouve The Smiths o tempo todo agora, em 1991. Acha que o Morrissey é a única pessoa que o entende. Muitas vezes você vai até o riacho à noite e se senta sozinho no banco, observando o reflexo das luzes na água e sentindo-se vazio, solitário, confuso e talvez até um pouco condenado. Você fica preocupado, pensando que nunca ficará satisfeito, muito menos feliz, e remói esses sentimentos porque ainda não possui o vocabulário necessário para se expressar propriamente, e na sua vizinhança, sentimentos são tabu, especialmente para quem é homem. Você está escondendo sua melhor parte, porque o fizeram acreditar que isso não é viril. Aguente firme. Você vai se mudar dessa vizinhança. Conhecerá pessoas incríveis. Viajará para a África e até para a América do Sul! Vai se apaixonar loucamente por sua companheira de vida – a mulher que ficará sempre ao seu lado. E quando você finalmente escrever com honestidade sobre todas essas coisas revirando em seu peito, quando seus romances rodarem o planeta e outras pessoas reagirem a ele – muitas pessoas –, você saberá que não está sozinho, e que na verdade nunca esteve.
Não tenho mais parágrafos. Já lhe dei um a mais (agora dois) do que me foi permitido. Você vai ficar bem. Às vezes, será difícil. Nem todos amarão seu trabalho. Amigos vão chegar e partir. Existirão haters – pessoas que desejarão seu fracasso. Mas você faz trilhas diariamente com sua esposa pela floresta, muitas vezes até o topo de uma pequena montanha da região, o que acalma sua mente e o faz se sentir saudável. Será o suficiente. Será lindo. Não desista de ficar por aqui. Você não vai querer perder isso. Acredite em mim.

Q (Você no futuro)

(fonte: http://escolhasliterarias.blogspot.com.br/)
(4/5 estrelas)

Até mais!
Tchau.

8 comentários:

  1. Nunca vi nada desse livro, mas achei interessante.
    Obrigada pelo cometário no meu blog.
    gostei do seu blog seguindo.

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  2. Adoro essas notas de rodapé, John Green também utilizou esse recurso e fui um grande acréscimo ao livro dele... Espero ler este logo, parece maravilhoso!

    Beijos
    http://escolhasliterarias.blogspot.com.br/

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  3. Gosto de desajustados e de YA, amei o livro! ♥ hahahaha Pela sua resenha ele parece mesmo ser um livro que eu vou gostar muito, irei ler com certeza!

    Beijo :*
    www.tainahrodrigues.com
    fantasiandocomoslivros.blogspot.com.br

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  4. Confesso que quando comecei a ler, achei ele meio "away" demais, até um pouco confuso (sobretudo com as cartas do futuro), mas à medida que as coisas iam se encaixando, fui gostando :)
    Achei criativo e gostei dos temas abordados no livro.

    http://autoracarolinaribeiro.blogspot.com/

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    1. Entendo o que quer dizer, hhahaha. Fico feliz que tenha gostado no final.

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Um real pelo seu pensamento.